Cabe
a nós divulgar o que realmente foi a Marcha das Vadias do dia
27/07/2013, e não reduzi-la a performance (não programada pela
organização) e cair na teia da facticidade da mídia hegemônica que não
problematiza a questão que se tornou “foco”
de notícias, pois sabemos que essa mídia corrobora para deslegitimação e
criminalização dos movimentos sociais. Mesmo assim, não invalida nossa
luta, muito pelo contrário! Revela o quanto ainda temos que enfrentar
para que sejamos livres dos sistemas opressores.
É inegável o
crescimento do fundamentalismo religioso, e na atual conjuntura nos
deparamos com diversos retrocessos nas propostas do poder legislativo no
Brasil, a exemplo do Projeto de Lei (PL) 478/2007 que dispõe sobre o
Estatuto do Nascituro e que traz graves ameaças aos direitos humanos das
mulheres. Portanto, a nossa intolerância é a qualquer tipo de
retrocesso na efetivação dos direitos das mulheres, pois é uma
intolerância positiva, na defesa do Estado Laico e pela vida das
mulheres.
Queremos também expor nosso o apoio e solidariedade
às companheiras envolvidas na organização da Marcha das Vadias do Rio de
Janeiro que estão sofrendo várias ameaças. Companheiras que lutam no
seu cotidiano contra todas as formas de violência e opressão que as
mulheres sofrem, contra o machismo, a lesbofobia, o racismo, capitalismo
e patriarcado. Diante disso, jamais iremos silenciar! Nosso total
apoio! Somaremos forças para reagir a violência dos opressores! Por
todas nós, pelo fim da violência contra as mulheres!
SE O CORPO É MEU, AS REGRAS SÃO MINHAS! MATERNIDADE É UMA ESCOLHA E NÃO
UMA OBRIGAÇÃO!
João Pessoa, 03 de agosto
de 2013
Os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres estão sob ameaça!
Está em tramitação um projeto de Lei que nega o direito a vida e à saúde
das mulheres, caso elas decidam abortar.Conhecido por Estatuto do Nascituro, o projeto confere direitos civis a
um embrião, transformando a mulher em apenas uma incubadora, retirando a autonomia
sobre o seu próprio corpo. O Estatuto do Nascituro prevê ainda que em gestações
decorrentes de estupro, a União arcará com uma ajuda de custo, bolsa estupro,
no valor de um salário mínimo à mulher que declarar ter sofrido a violência sexual e decidir manter a gravidez. E
a mulher será obrigada a conviver com o estuprador, se este for identificado e
seu filho ou filha, terá em sua certidão de nascimento o nome de quem cometeu o
crime como pai!
O Estatuto do Nascituro representa mais uma violência que o Estado pratica
contra a vida das mulheres!
O aborto é uma realidade no Brasil e no mundo e uma questão de saúde
pública. Cerca de 1 milhão de abortos são realizados no Brasil e muitas
mulheres vão parar no hospital com complicações para a sua saúde. O estado
brasileiro é laico e, portanto, não pode decidir Leis sob influências
dogmáticas-religiosas.
Diante do quadro de violações aos Direitos Humanos das mulheres, a MARCHA DAS VADIAS/JOÃO PESSOA vem às
ruas novamente este ano! Nosso lema é CONTRA
A CULTURA DOS ESTUPROS E O ESTATUTO DO NASCITURO.
O Estatuto do Nascituro, se aprovado, representa uma legalização da CULTURA DO ESTUPRO! Em nenhum de seus
artigos existe penalização para o agressor, que continuará impune, enquanto a
mulher será obrigada a carregar pelo resto de sua vida a culpa pela violência
que sofreu.
A Paraíba historicamente é um estado em que o machismo é forte e
repercute sobre a história de vida das mulheres. O Mapa da Violência de 2012 no
Brasil aponta a Paraíba como o 7º estado com o maior índice de homicídios de
mulheres, e a capital aparece na 2ª posição, dentre as demais capitais da
federação. O índice de violência contra as mulheres
no Estado em 2012 é 50% maior em relação ao ano passado! Esses números
são bem maiores, pois na maioria das vezes, o medo
impede que as mulheres denunciem seus agressores.
Somos solidárias a todas as mulheres vítimas de
violência!Denunciamos
todas as formas de violência contra as mulheres que acontecem na Paraíba, no
Brasil e no mundo! Não nos calaremos! Seguiremos fortes e incansáveis, nesta
luta por uma vida com igualdade, liberdade, felicidade, autonomia, com livre
expressão e sem violência de gênero!
Janaína Araújo jornalista Um vestidinho curto, uma saia ou um decote e de repente passam a mão em você. Ops! Mas como? Você, totalmente indignada, comenta com a amiga de trabalho a situação e acaba ouvindo uma dessas: “Mas também, né, com uma roupa dessas! ”. Isso nunca aconteceu com você? Aposto que sim.
É por conta dessas e de outras que no Facebook e no Twitter mulheres do
mundo inteiro se organizam em torno na Marcha das Vadias para acabar
com essa de que mulher estuprada é que provoca ou estimula o ato. O termo Marcha das Vadias vem do inglês, de Slut, porque esse movimento começou em Toronto, no Canadá.
Em uma universidade, um policial dava uma palestra sobre segurança no
campus e argumentou que as estudantes deveriam evitar se vestir como
vagabundas (daí vem o termo sluts) para não se tornarem alvo fácil de
estupros. Afinal, mulher que se veste como quer e faz o que quer é chamada de que? Depois da declaração do segurança, as estudantes decidiram protestar e foram às ruas. E claro, com razão!
O grito das mulheres na marcha é contra o conceito de “mulher
estuprável”. É errado a sociedade dizer “cuidado para não ser estuprada”
em vez de “não estupre” ? O que você acha? A autora do blog Escreva
Lola Escreva, um dos blogs feministas mais conhecidos do Brasil, Lola
Aronovich, 43, argentina naturalizada brasileira que mora no Ceará,
professora da UFC (Universidade Federal do Ceará) e cronista de cinema,
diz que “a verdade é que a visão geral diz que quem tem que se preocupar
é a vítima! É a mulher que tem que aprender a não ser estuprada, não o
homem que tem que aprender a não estuprar, a gente ouve isso toda hora.
Quando ouvimos falar em estupro, a primeira coisa que perguntamos é ‘mas
o que ela estava vestindo, onde ela tava ou que horas eram?’. Tudo
sempre relacionado à postura da vítima.O assunto ‘estupro’ está muito
mal discutido”, explica.
I Marcha das Vadias de João Pessoa - 2012
O nome vadia não acho muito interessante
para nomear o movimento, mas foi a forma que as mulheres seguiram e
encontraram para mobilizar a mídia sobre o tema. É provocador e a mídia
adora coberturas desse tipo. Pegando essa onda americana, as brasileiras
resolveram também tocar no assunto do estupro, tocando também o dedo no
discurso e no conceito. A Marcha Nacional das Vadias no Brasil
acontece dia 26 de maio próximo e as ciberativstas estão mobilizando
mulheres em BeloHorizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, João
Pessoa, Manaus, São José dos Campos e por ai vai!! Para você se conectar
basta clicas na fanpages e buscar informações. Vamos seguindo e
vadiando!!
As mulheres só podem sair nas
ruas acompanhadas com algum homem da família, namorado, ou ainda com uma amiga.
Caso contrário, podem ser violentadas e mortas. Este tipo de comportamento lhe
soa familiar? Se sim, ele não está se referindo especificamente às mulheres
brasileiras, mas sim às indianas.
Logo após o estupro e assassinato
de uma jovem indiana, ganhou repercussão mundial a situação em que vivem as
mulheres na Índia. Assim como no Brasil, ser mulher na Índia é um risco. A
violência contra a mulher é explícita; não somente na intensidade das torturas
e espancamentos, mas também nos diversos modos como é veiculada. Essa violência
também é representada pela quantidade assustadora de estupros e pela poderosa
rejeição aos fetos e bebês do sexo feminino – quase sempre abortadas ou
assassinadas ao nascer, o que leva a um sério desbalanceamento na população.
Embora a imposição de papéis de
gênero, que ditam a forma como a mulher deve agir e viver, seja um problema
gravíssimo, é difícil comparar a severidade da situação perto das demais
violências que as mulheres indianas enfrentam. As concessões e proibições
feitas às mulheres indianas variam de acordo com a classe social, mas a
essência da subjugação feminina permanece a mesma. Enquanto as meninas mais
pobres não podem estudar, as mais ricas são pressionadas a fazerem-no; nenhuma
mulher está livre da pressão para o enquadramento nas expectativas da
sociedade. Mesmo mulheres bem sucedidas e supostamente privilegiadas são
oprimidas; geralmente vítimas de casamento forçado, têm como único papel
relevante o de trazer filhos homens à família. Mesmo em pleno século XXI, a
valorização da virgindade e da inexperiência sexual e amorosa das mulheres é elevada
aos extremos na Índia.
Diante desta violência de gênero,
a sociedade indiana se uniu e manifestou todo o seu repúdio ao machismo que vem
violentando e matando centenas de mulheres e meninas no país. Quando do estupro
e assassinato da estudante de fisioterapia, que estava em um ônibus com seu
namorado, vários protestos tomaram as ruas de Nova Deli, capital da Índia.
Um grupo de mulheres foi mais
além. Elas formaram um coletivo chamado de ‘Gulabi Gang’, ou “A Gangue Rosa”, que
atua em defesa dos direitos humanos de mulheres e meninas indianas. Atualmente, lutam também para combater o casamento infantil,
eliminar o sistema de dote e derrotar o analfabetismo feminino.
A “gangue Rosa”, que conta
atualmente com cerca de mil mulheres, além de questionar o machismo, partiu
para a ação direta, promovendo aulas de defesa pessoal para mulheres. Quando
saem às ruas, elas levam consigo uma vara de bambu, as “Laathis”, que serve
como instrumento de defesa e ataque contra agressores. Quase todos os dias,
realizam treinos para aperfeiçoar os golpes. Engana-se quem pensa que defesa
pessoal é estimular à violência. Pelo contrário. A violência já existe e o que
a “Gulabi Gang” faz, assim como tantos outros grupos feministas que praticam
auto defesa, é atacar a ferida da violência de maneira direta, e evitar que as
mulheres sejam estupradas e mortas.
Como
dizJarid Arraes, em seu post das
Blogueiras Feministas, a “Gulabi Gang” é um exemplo que pode ser seguido pelas
mulheres do Brasil e de outras partes do mundo. O feminismo vem respirando
outros ares e tem partido para a ação direta contra à violência à mulher.
Oficinas de defesa pessoal fazem parte disto. Através da prática da defesa
pessoal ou de alguma arte marcial, muitas mulheres podem evitar a violênci
Muitxs criticaram a Marcha das Vadias por ser uma ação de "privilegiadas" e afirmaram que o seu caráter libertário e festivo desvirtuava o foco principal de um movimento que basicamente pretendia e pretende lutar pelo fim da violência contra a mulher.
Entendemos as ressalvas e críticas. Somos sim (ainda), enquanto coletivo, formado em sua maioria por mulheres universitárias e de classe média. No entanto, desde a primeira Marcha viemos desenvolvendo ações que nos fortaleceram e prepararam para pensar e operacionalizar uma ativismo fora de nossa "caixinha". O compromisso de amplificação e aprendizado constante, assumido depois da primeira Marcha na nossa cidade, se desdobrou em algumas ações. É sobre elas e nosso posterior propósito de inclusão e diversidade para a Marcha de 2013 que trata esse post.
Em Junho de 2012, Briggida Lourenço, 28 anos, uma grande divulgadora da Marcha das Vadias em João Pessoa, professora da UEPB e mãe de uma criança de doze anos foi assassinada, vindo juntar-se a triste e chocante estatística que apontava que em 2012 sessenta e cinco assassinatos de mulheres ocorreram no Estado. Mais do que em todo ano de 2011.
No dia o6 de Julho, na Praça da Paz nos Bancários, fizemos uma ação de repúdio ao feminícidio que vem ocorrendo na Paraíba, onde lemos os nomes de todas as mulheres assassinadas no período, além de assinar junto com outros coletivos feministas uma nota de repúdio á imprensa sensacionalista que com sua ânsia "carniceira" expõe duramente os corpos mutilados de nossas companheiras e minimizam barbáries com o velho chavão de "crime passional" aplicado aos atos sádicos em questão.
Em Setembro, desembarcam
na Paraíba, as integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) do Congresso Nacional que investigam a violência contra a mulher.
A primeira ação da CPMI será em reuniões com autoridades do município
de Queimadas, onde no início do ano ocorreu estupro coletivo de cinco
mulheres, seguido de assassinato de duas delas.
No dia seguinte foi realizada
audiência
pública na Assembléia Legislativa, em João Pessoa. Foram convidados o
secretário de Segurança Pública do Estado, Claudio Coelho Lima; o
secretário de Saúde, Waldson Dias de Souza; a secretária da Mulher e da
Diversidade Humana, Iraê Lucena; o presidente do Tribunal de Justiça,
desembargador Abraham Lincon Ramos; o procurador-geral de Justiça do
estado, Oswaldo Trigueiro; e o defensor público-geral do estado, Vanildo
Oliveira Brito. Em ambos os eventos, a Marcha das Vadias João Pessoa se
fez representada acompanhando os demais movimentos e grupos feministas
do Estado.
Em Janeiro desse ano, a
apresentação da banda baiana New Hit, na cidade de João Pessoa, foi
cancelada.
O motivo deste cancelamento foram os protestos, através das redes
sociais, de grupos feministas, que junto a Marcha das vadias, em menos
de vinte e quatro horas mobilizaram nas redes sociais uma quantidade
impressionante de pessoas, o que pressionou os organizadores do evento a
contratar uma nova atração.
Os nove integrantes da
banda em questão e o soldado da PM que fazia sua segurança, foram
denunciados pelo Ministério Público por estupro qualificado com
características de crime hediondo. Duas jovens foram sexualmente
abusadas repetidas vezes e com extrema violência.
De acordo o Ministério Público, as adolescentes foram abusadas dentro de
um ônibus estacionado na Praça Santa Tereza, no centro de Ruy Barbosa,
Bahia, com uso de "extrema violência" e "em alternância". Os acusados
foram presos em flagrante, mas ainda vem realizando shows País afora.
A campanha – "Um bilhão que se
ergue" – remete ao número de mulheres que, segundo estimativas da
Anistia Internacional, são vítimas de violência no mundo. Ou seja, um
terço de todas as mulheres. A violência se dá de diversas formas:
assédio sexual, estupro, mutilação, espancamento, mas também por pressão
psíquica.
Em João Pessoa, o evento foi idealizado pela Marcha das Vadias e contou
com a participação de diversos grupos feministas e pessoas que na Praça
Rio Branco, expressaram indignação com tais números sem abrir mão da
alegria. Todxs juntxs realizamos um apelo por mais liberdade, segurança e
valorização das mulheres.
Entendemos, no entanto, que apesar dessas ações, ainda falta muito para que consigamos chegar a mais pessoas, principalmente aquelas em situação social, profissional ou de gênero que configure maior risco de violência. Pensando nisso, a organização da Marcha das Vadias João Pessoa criou uma equipe específica para articular discursos e trocas de experiências junto a estes coletivos, associações ou comunidades, nos tornado em um movimento cada vez mais coerente e pontual com a reais necessidades de desmistificação do discurso feminista.
Se você acha que pode compartilhar conosco suas dúvidas, levar-nos a sua comunidade, somar para que possamos crescer em número e mobilização, seremos muito gratxs. Construir coletivamente uma ação que não seja segregadora ou elitista é uma de nossos principais propósitos para esse ano. Contamos, pois, com todxs. Mande seu e-mail com críticas, sugestões ou pedido de visita da equipe de divulgação para marchadasvadiasjoaopessoa@gmail.com
E sigamos juntxs rumo a uma sociedade que não mais admita em hipotése alguma a violência física ou psicológica contra a mulher.
A Marcha das Vadias 2013 acontece em João Pessoa no dia 20 de julho!!!!
Mande sua foto com um cartaz dizendo porque você é vadix para o e-mail marchadasvadiasjoaopessoa@gmail.com e nos ajude a divulgar a Marcha de 2013.
Vamos todxs juntxs dar um basta na violência contra a mulher!
"Se ser vadia é me recusar a perder a alegria...
Se ser vadia é me recusar a aceitar passivamente que o mundo é assim mesmo, que a vida é assim mesmo e continuar lutando...
Se ser vadia é acreditar em mudanças e num mundo melhor, onde todos seremos considerados iguais, independente de gênero, classe social, convenções de belo, cor da pele ou orientação sexual...
Se ser vadia é dizer que sim, amigx, podemos ser felizes do nosso jeito. Podemos ser livres sim, acreditem!!!
É com muito orgulho que escolho usar o termo VADIA e junto com ele a roupa, padrões de comportamento e jeito de andar pelo mundo no ritmo, com o rebolado e na companhia de quem EU escolher.
Se ser quem eu sou é ser vadia, sim, eu sou vadia!
Somos todxs vadixs!!!"